Quando o Gilo me falou pela primeira vez do Maracatu Rei de Paus não lhe atribuí muita importância, pensando que seria mais um cortejo de Carnaval como tantos outros. De maneira geral, os portugueses, e não só,associam todos os festejos carnavalescos aos do Rio. Ora, não é bem assim. Há que destrinçar o que é genuíno e o que se destina a atrair os turistas e se revela como verdadeira indústria. Entre os genuínos destaca-se o Carnaval de cidade de Fortaleza, capital do Ceará, a "Terra da Luz", epíteto que lhe vem por ser considerada a zona do Brasil com maior número de dias ensolarados e também por ter sido o primeiro estado a abolir a escravatura (1884), quatro anos antes da promulgação da Lei Áurea.Portanto,só isto já lhe valia a homenagem dos que nos consideramos cidadãos livres.
Esta região do nordeste brasileiro constitui um caldo de culturas variadas pela presença de etnias diversas. Ali ferve o sangue de mestiços, mulatos, caboclos, índios,negros bantu e do Benim, portugueses, espanhóis, holandeses e até de alguns sírio-libaneses.Pelo que acabo de ler contam-se até quinze etnias indígenas na região cearense.
Tal variedade de culturas corporizadas na sua grande parte por gente de sangue muito quente tinha de confluir numa sociedade heterogénia e rica em comportamentos.
O Maracatu é, a meu ver, fruto desta fusão. Nasceu no Sec. XVIII e daí a presença dos elementos caraterísticos da época: família real com os trajes da época, personagens de corte, escravos africanos,etc.
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Que bom haver alguém em portugal, além de mim, que se interessa pelo Maracatu. O início deveria ser de origem de ritual religioso e só no século xx se transforma em marcha de Carnaval. Há um autor, Braz Fernandes 1533, que encontra referências na Igreja de S. Domingos em Lisboa. Voltarei.
ResponderEliminarUm abraço. Gilo