sexta-feira, 15 de abril de 2011

Coisas da língua e da política

Sobre o tempo e o nosso Portugal
O termo silhueta fixou-se em português por via francesa.
Como foi possível que o nome de um ministro de finanças francês se tornasse um nome comum? É esta a história.
O senhor Étienne de la Silhouette (1709/1767) dirigia a pasta das finanças num momento complicado, e intentou introduzir reformas profundas que redundaram em ações mal conduzidas e fracassadas. Ora, para ridicularizar esta persogem política, os seus contemporâneos começaram a usar a expressão "à la silhouette", para indicar qualquer ação que cheirasse a mesquinhez, incorreção ou inépcia. Para se entender o significado do termo "silhueta" temos de referir outra faceta do fidalgo francês: um dos seus passatempos favoritos era traçar figuras de perfil, que os fisiotracistas de Paris tinham divulgado desde os tempos de Luís XIV, processo simples e barato de retratar pessoas.
Onde quero chegar? Precisamente a um caso de futurologia linguística. Não poderá a expressão "à Sócrates" ficar para a posteridade com o mesmo significado da que o senhor de la Silhouette foi responsável? Se assim acontecer, em futuros dicionários, em que a grafia segundo as normas do novo acordo ortográfico não causarão estranheza, a novel expressão guardará os seguntes significados: ação que redunda em fracasso, em desastre;empresa malograda; useiro e vezeiro em companhias suspeitosas; negócio escuro;contratos duvidosos; consumo desbragado; ruína iminente; descalabro confirmado;facúndia descarada.
"Quousque tandem, Socrates, abutere patientia nostra?"

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