Como vai sendo norma, há dia mundial de tudo. Hoje, 13 de abril, é o do beijo.É por isso que mando beijos a todos os meus amigos, beijinhos aos mais pequeninos e beijões aos morcões. Estes beijos, via net, não prejudicam ninguém, estejam descansados os higienistas e guardiães de saúde pública para quem o beijo deve constituir um famigerado alfobre de contaminações. Talvez, mas perdõe-se-lhe o mal que faz pelo bem que sabe.
Se no sec. XVII já se manifestassem estas euforias, talvez La Fontaine - que morreu num dia 13 de abril, mas em 1695, em Paris - tivesse escrito alguma fábula em que um beijo, com focinho aguçado, orelhas fitas e rabo felpudo fosse ter um "rendez-vous" com um daqueles queridos cães, a quem tanto queremos, que poderia ser o Snoopy, a Milou(do Tintin)ou a Lassie, qual seria a moral da história? Pelo menos todas as personagens eram mamíferos...
Já que mencionei o nome do homem que é considerado o pai da fábula moderna - seguindo o estilo e as características do grego Esopo - , vou fazer um pequeno exercício de memória, que para isso também pode servir um blogue. O citado La Fontaine foi contemporâneo dos nossos reis D. Afonso VI e D. Pedro II, irmão do anterior. Este último, que teve por cognome O Pacífico, animal para uma inebriante fábula, de pacífico só teve o epíteto que a história fez o favor de lhe atribuir. Basta pensar que era muito dado a corridas de touros, caçadas, jogos violentos e, imagine-se! mandou prender o irmão por indecente e má figura, governou o reino como regente e, imagine-se novamente!, casou depois com a cunhada(ainda virgem, consta-se), com a anuência de S. Santidade, o Papa,obtida a dispensa de impedimento "publicae honestatis", relegando o infeliz, inepto e estouvado Afonso (por irónica antonomásia,O Vitorioso) para o exílio da ilha Terceira e depois para o retiro forçado de Sintra, com o anátema de homossexual(vide "Reis que amaram como rainhas",Fernando Bruquetas de Castro,2010). Mas com estas e com outras, já me ia esquecendo do senhor Jean de La Fontaine: foi próximo de grandes vultos das letras de França seus contemporâneos; em 1668, publicou as "Fábulas Escolhidas", uma coletânea de 124 fábulas, livro dedicado ao futuro Luís XV, que cativaram de imediato os leitores pela sua linguagem simples e atraente. A esta primeira edição seguiram-se outras a que o autor ia acrescentando novas narrativas. Ainda hoje se fala habitualmente dele, se lêem as suas fábulas e se apreciam as suas lições de moral,tão esquecidas neste nosso Portugal, agora sob regência do FMI.
Haverá já alguém desterrado na Terceira?!
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