Se não me engano, no dia 14 de Abril, Dia Mundial do beijo, ao deixar escritas umas quaisquer bagatelas acerca de La Fontaine e querendo situá-lo no tempo,referi que foi contemporâneo de D. Afonso VI e de D. Pedro II. Hoje, quando folheava uma obra acerca deste último rei, encontrei nela uma referência interessante para nós, brigantinos.Diz a autora, Maria Paula Marçal Lourenço, que o nascimento do infante D. Pedro fora acompanhado de um estranho "prodígio": o sino da igreja paroquial da aldeia de Sacoias teria começado a tocar sem ninguém lhe ter puxado a corda ou sacudido o badalo.Interessa saber que o orago desta aldeia era - não sei se ainda é - N.ª Sr.ª da Assunção. E a autora continua, dizendo que "...por ordem de D. João(IV)foi a matéria averiguada pelo cabido de Miranda.Obtida a confirmação do facto, nele quis a realeza ver um «sinal de celeste aplauso» pela proclamação régia de N.ª Sr.ª da Conceição como padroeira de Portugal, «favor que à sagrada Imagem da Senhora em que o sino repicou, um vestido de tela branca igualmente vistoso e rico (foi oferecido)».
Ainda a coisa não fica por aqui porque o mesmo sino havia de voltar a ouvir-se em condições semelhantes, em novembro de 1668, quando D. Pedro, em nome de seu irmão "incapaz", D. Afonso VI, tomava conta do reino. Eu, que fizera um retrato tão pouco lisonjeiro do caráter do nosso segundo D. Pedro, parece que tenho de dar o escrito por não escrito, que, por força de tão claros avisos divinos, estava predestinado a servir o país.
Quem havia de dizer! Foi o sino de Sacoias (Imagine-se Sacoias no século XVII !) que repicou e deu conta dos factos. Se tivesse tocado a rebate ou a finados talvez ninguém tivesse ficado maravilhado.
sexta-feira, 20 de maio de 2011
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Centenário da morte de Gustav Mahler (1860-1911)
"Uma sinfonia deve ser como o mundo, deve conter tudo."
Esta curta frase de Mahler desvenda o que ele pensava acerca da composição sinfónica. É difícil imaginar um legado sinfónico mais abrangente do que aquele que nos ficou deste compositor, nascido em 1860, na Boémia.
Foi certamente por ser um inovador que, deixando de lado as normas da composição, enveredou por um caminho que nem o público nem a crítica musical aceitaram de bom grado. A sua linguagem musical, aparentemente, serve-se de elementos antagónicos que tanto podem remeter para o mundo do sublime como para a vulgaridade quotidiana. No que diz respeito à orquestração, Mahler também protoganizou frequentes vezes momentos chocantes para a época, pelo recurso a efeitos pouco convencionais.
Foi na década de 60 que Leonard Bernstein concretizou o que o compositor tinha profetizado:"o meu tempo ainda está por chegar".
Como normalmente acontece no mundo das artes, também a Mahler não foi reconhecido o seu talento por parte de alguns dos contemporâneos.
O cinema ajudou ao despertar do êxito da música mahleriana.Luchino Visconti, com o seu filme "Morte em Veneza"- 1971 -(título homónimo do conto de Thomas Mann, apreciador de Mahler e que homemageou atribuindo ao protagonista o nome de Gustav)contribuiu para que o grande público tomasse consciência da obra sinfónica de Mahler ao adotar o Adiagetto da 5.ª sinfonia como banda sonora.
Pode considerar-se que a obra de Mahler constitui o elo entre a música do sec. XIX (Bruckner, Brahms e Wagner) e a do sec. XX(Schoenberg e a 2ª escola de Viena),o que justifica que os vienenses de apurado gosto clássico, se sentissem desconfortáveis nas suas cadeiras ao ouvirem esta música nova, resultante da grande música sacralizada à mistura com elementos da música popular.
Considerado um transgressor, está hoje considerado como um dos grandes músicos de transição do sec.XIX para o sec.XX.
Morreu no dia 18 de Maio de 1911, não tendo podido acabar a sua 10.ª sinfonia
http://youtu.be/_CjoCAemK6Y
Esta curta frase de Mahler desvenda o que ele pensava acerca da composição sinfónica. É difícil imaginar um legado sinfónico mais abrangente do que aquele que nos ficou deste compositor, nascido em 1860, na Boémia.
Foi certamente por ser um inovador que, deixando de lado as normas da composição, enveredou por um caminho que nem o público nem a crítica musical aceitaram de bom grado. A sua linguagem musical, aparentemente, serve-se de elementos antagónicos que tanto podem remeter para o mundo do sublime como para a vulgaridade quotidiana. No que diz respeito à orquestração, Mahler também protoganizou frequentes vezes momentos chocantes para a época, pelo recurso a efeitos pouco convencionais.
Foi na década de 60 que Leonard Bernstein concretizou o que o compositor tinha profetizado:"o meu tempo ainda está por chegar".
Como normalmente acontece no mundo das artes, também a Mahler não foi reconhecido o seu talento por parte de alguns dos contemporâneos.
O cinema ajudou ao despertar do êxito da música mahleriana.Luchino Visconti, com o seu filme "Morte em Veneza"- 1971 -(título homónimo do conto de Thomas Mann, apreciador de Mahler e que homemageou atribuindo ao protagonista o nome de Gustav)contribuiu para que o grande público tomasse consciência da obra sinfónica de Mahler ao adotar o Adiagetto da 5.ª sinfonia como banda sonora.
Pode considerar-se que a obra de Mahler constitui o elo entre a música do sec. XIX (Bruckner, Brahms e Wagner) e a do sec. XX(Schoenberg e a 2ª escola de Viena),o que justifica que os vienenses de apurado gosto clássico, se sentissem desconfortáveis nas suas cadeiras ao ouvirem esta música nova, resultante da grande música sacralizada à mistura com elementos da música popular.
Considerado um transgressor, está hoje considerado como um dos grandes músicos de transição do sec.XIX para o sec.XX.
Morreu no dia 18 de Maio de 1911, não tendo podido acabar a sua 10.ª sinfonia
http://youtu.be/_CjoCAemK6Y
sábado, 7 de maio de 2011
o Trio Maravilha e a maravilha dos jacarandás
O Trio Maravilha e os jacarandás
No caderno “O Inimigo Público,” do “Público”, de 6 de Maio, pude ler :
“O investigador António Barreto, para desenjoar de Silva Pereira e Eduardo Catroga, levou os técnicos da troika à principal atracção lisboeta de Maio: os jacarandás floridos a pingarem ranhoca para os pára-brisas e a asfixiarem com pólenes milhares de doentes de rinite alérgica. Barreto, o maior jacarandeiro vivo, o cronista que se extasia todos os anos com os jacarandás, o poeta que escreveu ‘os jacarandás…aaahhh…os jacarandás…Estão lindos, os jacarandás!’
‘Estou jacarandido’, confessou Poul Thomson. ‘Portugal devia jacarandizar-se’.
Os jacarandás são belos como um excedente orçamental!
Como dizem os nossos cantores, ‘A luta é jacarandá’ “.
Eu, apenas sugiro que se jacarandizem já todos. Eu, já estou mesmo jacarandido.
No caderno “O Inimigo Público,” do “Público”, de 6 de Maio, pude ler :
“O investigador António Barreto, para desenjoar de Silva Pereira e Eduardo Catroga, levou os técnicos da troika à principal atracção lisboeta de Maio: os jacarandás floridos a pingarem ranhoca para os pára-brisas e a asfixiarem com pólenes milhares de doentes de rinite alérgica. Barreto, o maior jacarandeiro vivo, o cronista que se extasia todos os anos com os jacarandás, o poeta que escreveu ‘os jacarandás…aaahhh…os jacarandás…Estão lindos, os jacarandás!’
‘Estou jacarandido’, confessou Poul Thomson. ‘Portugal devia jacarandizar-se’.
Os jacarandás são belos como um excedente orçamental!
Como dizem os nossos cantores, ‘A luta é jacarandá’ “.
Eu, apenas sugiro que se jacarandizem já todos. Eu, já estou mesmo jacarandido.
domingo, 1 de maio de 2011
sexta-feira, 29 de abril de 2011
terça-feira, 19 de abril de 2011
SEIKILOS tinha razão
No ano de 1883, na Turquia, na cidade de Aidine, perto de Éfeso, foi encontrada uma estela de mármore, esculpida em carateres gregos que anunciavam:" Sou uma imagem de pedra. Seikilos colocou-me aqui como sinal eterno de imortal lembrança". Depois de novamente andar desaparecida, foi reencontrada em lamentáveis condições, e está depositada atualmente no recato do Museu Nacional da Dinamarca. Não é, como obviamente se depreende, por esta simples inscrição, que este documento epigráfico tem um grande valor documental. Nele está também inscrita na totalidade a primeira partitura completa que chegou até nós. Sobre a letra, em carateres gregos, está a notação musical, em carateres fenícios.Está classificada como sendo uma "cantiga de bebida" e, embora muito curta, faz eco das ideias epicuristas, provavelmente contemporâneas(sec I DC), tão sabiamente sintetizadas na expressão horaciana "carpe diem". Numa tradução livre, diz o seguinte:"Enquanto viveres, brilha.Não deixes que a tristeza te preturbe. Breve é a vida e o tempo cobra os seus direitos." A música registada neste vídeo, que, calcula-se, se aproxima da que o autor escreveu,lembra a música medieval.
Seikilos mandou gravar esta lápida em memória de sua mulher, Euterpe, e foi certamente num momento de angústia que concluiu que a vida deve ser vivida enquanto o tempo no-lo permite.
Seikilos mandou gravar esta lápida em memória de sua mulher, Euterpe, e foi certamente num momento de angústia que concluiu que a vida deve ser vivida enquanto o tempo no-lo permite.
domingo, 17 de abril de 2011
Vozes do passado - O Rouxinol dos Andes
Yma Sumac(Zoila Augusta del Castillo, 19227/2008)), nome por que é conhecida esta cantora peruana, senhora da mais extraordinária voz de todos os tempos,espantou todos quantos a puderam ouvir nos seus espetáculos e emissões e continua a surpreender os que ainda hoje queiram escutá-la.
Este registo serve para chamar a atenção dos que nunca tenham ouvido falar desta mulher. Começou por cantar em programas de rádio em 1942, pouco tempo depois mudou-se para Nova York com o marido e acabou por se tornar uma diva.Primeiramente considerada contralto, foi seguidamente reconhecida como soprano "ultra leggero". Identificada como uma verdadeira acrobata vocal, a sua extensão de voz era tal que conseguia emitir sons abaixo da tessitura de barítono até ultrapassar a tessitura de soprano. Assim, pôde ofuscar a soprano alemã Erna Sack(1898/1972),um dos sopranos mais famosos de sempre,com um registo vocal de 4,4 oitavas de extensão de voz. Esta tinha sido até ali considerada um dos sopranos de coloratura mais famosos de sempre, para quem Richard Strauss reescrevera uma nova cadência(no papel de Zerbinetta, na ópera Ariane de Naxos), a fim de poder fazer brilhar os dotes especiais da cantora. Apesar das qualidades espantosas da voz desta alemã, Yma Sumac surpreendeu o mundo mais do que ela.
A canção "Chuncho", que podem ouvir neste vídeo, é um exemplo da extensão prodigiosa da sua voz. Depois, é só tirarem as suas conclusões e procurarem saber mais acerca deste prodígio da natureza.
Este registo serve para chamar a atenção dos que nunca tenham ouvido falar desta mulher. Começou por cantar em programas de rádio em 1942, pouco tempo depois mudou-se para Nova York com o marido e acabou por se tornar uma diva.Primeiramente considerada contralto, foi seguidamente reconhecida como soprano "ultra leggero". Identificada como uma verdadeira acrobata vocal, a sua extensão de voz era tal que conseguia emitir sons abaixo da tessitura de barítono até ultrapassar a tessitura de soprano. Assim, pôde ofuscar a soprano alemã Erna Sack(1898/1972),um dos sopranos mais famosos de sempre,com um registo vocal de 4,4 oitavas de extensão de voz. Esta tinha sido até ali considerada um dos sopranos de coloratura mais famosos de sempre, para quem Richard Strauss reescrevera uma nova cadência(no papel de Zerbinetta, na ópera Ariane de Naxos), a fim de poder fazer brilhar os dotes especiais da cantora. Apesar das qualidades espantosas da voz desta alemã, Yma Sumac surpreendeu o mundo mais do que ela.
A canção "Chuncho", que podem ouvir neste vídeo, é um exemplo da extensão prodigiosa da sua voz. Depois, é só tirarem as suas conclusões e procurarem saber mais acerca deste prodígio da natureza.
sábado, 16 de abril de 2011
Canções célebres do passado
Petula Clark foi escolhida por Charles Chaplin para cantar a canção-tema do filme "A condessa de Hong Kong" ( A countess from Hong Kong-1967), que chegou a ser a canção mais popular do Reino Unido na altura do lançamento deste filme. Foi o próprio Chaplin que compôs a canção bem como a banda sonora deste e de "Um rei em Nova York"( A king in New York - 1957), e foi naquele, em que contracenaram dois grandes vultos do cinema, Sofia Loren e Marlon Brando, que apareceu pela última vez, embora fugazmente, num papel de mordomo.
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Coisas da língua e da política
Sobre o tempo e o nosso Portugal
O termo silhueta fixou-se em português por via francesa.
Como foi possível que o nome de um ministro de finanças francês se tornasse um nome comum? É esta a história.
O senhor Étienne de la Silhouette (1709/1767) dirigia a pasta das finanças num momento complicado, e intentou introduzir reformas profundas que redundaram em ações mal conduzidas e fracassadas. Ora, para ridicularizar esta persogem política, os seus contemporâneos começaram a usar a expressão "à la silhouette", para indicar qualquer ação que cheirasse a mesquinhez, incorreção ou inépcia. Para se entender o significado do termo "silhueta" temos de referir outra faceta do fidalgo francês: um dos seus passatempos favoritos era traçar figuras de perfil, que os fisiotracistas de Paris tinham divulgado desde os tempos de Luís XIV, processo simples e barato de retratar pessoas.
Onde quero chegar? Precisamente a um caso de futurologia linguística. Não poderá a expressão "à Sócrates" ficar para a posteridade com o mesmo significado da que o senhor de la Silhouette foi responsável? Se assim acontecer, em futuros dicionários, em que a grafia segundo as normas do novo acordo ortográfico não causarão estranheza, a novel expressão guardará os seguntes significados: ação que redunda em fracasso, em desastre;empresa malograda; useiro e vezeiro em companhias suspeitosas; negócio escuro;contratos duvidosos; consumo desbragado; ruína iminente; descalabro confirmado;facúndia descarada.
"Quousque tandem, Socrates, abutere patientia nostra?"
O termo silhueta fixou-se em português por via francesa.
Como foi possível que o nome de um ministro de finanças francês se tornasse um nome comum? É esta a história.
O senhor Étienne de la Silhouette (1709/1767) dirigia a pasta das finanças num momento complicado, e intentou introduzir reformas profundas que redundaram em ações mal conduzidas e fracassadas. Ora, para ridicularizar esta persogem política, os seus contemporâneos começaram a usar a expressão "à la silhouette", para indicar qualquer ação que cheirasse a mesquinhez, incorreção ou inépcia. Para se entender o significado do termo "silhueta" temos de referir outra faceta do fidalgo francês: um dos seus passatempos favoritos era traçar figuras de perfil, que os fisiotracistas de Paris tinham divulgado desde os tempos de Luís XIV, processo simples e barato de retratar pessoas.
Onde quero chegar? Precisamente a um caso de futurologia linguística. Não poderá a expressão "à Sócrates" ficar para a posteridade com o mesmo significado da que o senhor de la Silhouette foi responsável? Se assim acontecer, em futuros dicionários, em que a grafia segundo as normas do novo acordo ortográfico não causarão estranheza, a novel expressão guardará os seguntes significados: ação que redunda em fracasso, em desastre;empresa malograda; useiro e vezeiro em companhias suspeitosas; negócio escuro;contratos duvidosos; consumo desbragado; ruína iminente; descalabro confirmado;facúndia descarada.
"Quousque tandem, Socrates, abutere patientia nostra?"
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Dia mundial do beijo
Como vai sendo norma, há dia mundial de tudo. Hoje, 13 de abril, é o do beijo.É por isso que mando beijos a todos os meus amigos, beijinhos aos mais pequeninos e beijões aos morcões. Estes beijos, via net, não prejudicam ninguém, estejam descansados os higienistas e guardiães de saúde pública para quem o beijo deve constituir um famigerado alfobre de contaminações. Talvez, mas perdõe-se-lhe o mal que faz pelo bem que sabe.
Se no sec. XVII já se manifestassem estas euforias, talvez La Fontaine - que morreu num dia 13 de abril, mas em 1695, em Paris - tivesse escrito alguma fábula em que um beijo, com focinho aguçado, orelhas fitas e rabo felpudo fosse ter um "rendez-vous" com um daqueles queridos cães, a quem tanto queremos, que poderia ser o Snoopy, a Milou(do Tintin)ou a Lassie, qual seria a moral da história? Pelo menos todas as personagens eram mamíferos...
Já que mencionei o nome do homem que é considerado o pai da fábula moderna - seguindo o estilo e as características do grego Esopo - , vou fazer um pequeno exercício de memória, que para isso também pode servir um blogue. O citado La Fontaine foi contemporâneo dos nossos reis D. Afonso VI e D. Pedro II, irmão do anterior. Este último, que teve por cognome O Pacífico, animal para uma inebriante fábula, de pacífico só teve o epíteto que a história fez o favor de lhe atribuir. Basta pensar que era muito dado a corridas de touros, caçadas, jogos violentos e, imagine-se! mandou prender o irmão por indecente e má figura, governou o reino como regente e, imagine-se novamente!, casou depois com a cunhada(ainda virgem, consta-se), com a anuência de S. Santidade, o Papa,obtida a dispensa de impedimento "publicae honestatis", relegando o infeliz, inepto e estouvado Afonso (por irónica antonomásia,O Vitorioso) para o exílio da ilha Terceira e depois para o retiro forçado de Sintra, com o anátema de homossexual(vide "Reis que amaram como rainhas",Fernando Bruquetas de Castro,2010). Mas com estas e com outras, já me ia esquecendo do senhor Jean de La Fontaine: foi próximo de grandes vultos das letras de França seus contemporâneos; em 1668, publicou as "Fábulas Escolhidas", uma coletânea de 124 fábulas, livro dedicado ao futuro Luís XV, que cativaram de imediato os leitores pela sua linguagem simples e atraente. A esta primeira edição seguiram-se outras a que o autor ia acrescentando novas narrativas. Ainda hoje se fala habitualmente dele, se lêem as suas fábulas e se apreciam as suas lições de moral,tão esquecidas neste nosso Portugal, agora sob regência do FMI.
Haverá já alguém desterrado na Terceira?!
Se no sec. XVII já se manifestassem estas euforias, talvez La Fontaine - que morreu num dia 13 de abril, mas em 1695, em Paris - tivesse escrito alguma fábula em que um beijo, com focinho aguçado, orelhas fitas e rabo felpudo fosse ter um "rendez-vous" com um daqueles queridos cães, a quem tanto queremos, que poderia ser o Snoopy, a Milou(do Tintin)ou a Lassie, qual seria a moral da história? Pelo menos todas as personagens eram mamíferos...
Já que mencionei o nome do homem que é considerado o pai da fábula moderna - seguindo o estilo e as características do grego Esopo - , vou fazer um pequeno exercício de memória, que para isso também pode servir um blogue. O citado La Fontaine foi contemporâneo dos nossos reis D. Afonso VI e D. Pedro II, irmão do anterior. Este último, que teve por cognome O Pacífico, animal para uma inebriante fábula, de pacífico só teve o epíteto que a história fez o favor de lhe atribuir. Basta pensar que era muito dado a corridas de touros, caçadas, jogos violentos e, imagine-se! mandou prender o irmão por indecente e má figura, governou o reino como regente e, imagine-se novamente!, casou depois com a cunhada(ainda virgem, consta-se), com a anuência de S. Santidade, o Papa,obtida a dispensa de impedimento "publicae honestatis", relegando o infeliz, inepto e estouvado Afonso (por irónica antonomásia,O Vitorioso) para o exílio da ilha Terceira e depois para o retiro forçado de Sintra, com o anátema de homossexual(vide "Reis que amaram como rainhas",Fernando Bruquetas de Castro,2010). Mas com estas e com outras, já me ia esquecendo do senhor Jean de La Fontaine: foi próximo de grandes vultos das letras de França seus contemporâneos; em 1668, publicou as "Fábulas Escolhidas", uma coletânea de 124 fábulas, livro dedicado ao futuro Luís XV, que cativaram de imediato os leitores pela sua linguagem simples e atraente. A esta primeira edição seguiram-se outras a que o autor ia acrescentando novas narrativas. Ainda hoje se fala habitualmente dele, se lêem as suas fábulas e se apreciam as suas lições de moral,tão esquecidas neste nosso Portugal, agora sob regência do FMI.
Haverá já alguém desterrado na Terceira?!
sábado, 9 de abril de 2011
02.Vois Sur Ton Chemin
Esta canção - "Vois sur ton chemin" - ouvi-a pela primeira vez no filme francês - dirigido por Christophe Barratier, estreado em 2004 e baseado num filme de 1945:"La cage aux rossignols" - "Os meninos do coro", drama enternecedor, cuja ação se passa num orfanato em que um professor de meia idade vai desempenhar um papel preponderante, que, por via da música coral, tocará de forma indelével o espírito dos rapazes.Filme a não perder, se tiverem oportunidade.Esta composição constitui o tema principal da banda sonora do filme.
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Taylor Swift - Fifteen
Taylor Swift acaba de ganhar o prémio atribuído pela Academia de Música Country. Cara e voz bonitas.
domingo, 3 de abril de 2011
GUERNICA, Poema García Lorca..Voz :Germaine Montero
Já há muito tempo que não ouvia a voz de Germaine Montero.
Aqui fica, a dizer "A las cinco de la tarde", de Lorca.
Luisa Sobral - Not There Yet (Official Music Video) HD
Não conhecia esta voz portuguesa - Luísa Sobral - que canta em inglês. Mistura serena de pop e de jazz, ouve-se com agrado.
sábado, 2 de abril de 2011
patatas a la importancia
Hoje , para variar, vou deixar aqui uma receita da cozinha tradicional espanhola, que se chama "batatas à importância". Vi fazê-las na tv 1 de Espanha, de uma forma um pouco diferente daquela que o cozinheiro deste vídeo as prepara.
Digo-lhes que fica um bom prato.Eu usei muita salsa, mas pode substituir por coentros. Também lhe pus pimenta preta do moinho. Tentem esta, que para a próxima também vou fazer assim.
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Museo en Guadalest - Antonio Marco, Belen Ecológico
Há por esse mundo pessoas cheias de talento e paciência, como é o caso deste Marco António, que durante 19 anos, com infinita paciência, mas também com conhecimentos práticos montou por sua conta e risco este museu que, pelos vistos, faz pasmar todos quantos o visitam.
quinta-feira, 31 de março de 2011
Dieta Saudável
Dieta saudável, às vezes, é difícil. Só nabo, cenoura... e não haverá outras coisas mais agradáveis? Com certeza que há, é só procurar.
segunda-feira, 28 de março de 2011
As consequências trágicas do terramoto de 11/3/2011
Norte do Japão, após a violência das águas ter devastado a terra.
O primeiro balanço oficial de mortos rondava os 600. Dezassete dias passados, esse número ultrapassa os 20 000. Quantos ao certo talvez nunca venha a saber-se. Continuam os "media" a informar-nos de que a situação à volta da central nuclear de Fukushima é confusa e muito perigosa.Hoje,dia em que se verificou uma nova réplica,informam que a água está contaminada bem como as hortaliças dos campos ao sul da cidade e quando se descobriram vestígios de plutónio no pavilhão n.º 2 da central.
Miguel Gaspar publicou na "Pública",no dia 16/Março, uma crónica em que nos dá a sua impressão que as imagens transmitidas pela televisão lhe causaram. Transcrevo excertos:
"Nenhum exército conseguiria igualar estas vagas destruidoras.A fúria que libertam os tsunamis fá-los disciplinados e cumpridores. A água entra em terra e nunca mais para;é um avanço mudo,continuado, impossível de interromper. Vimos a onda gigante inundar a pista de um aeroporto, reduzir localidades a escombros, atirar casas contra casas. Mas mais do que a altura das ondas , mais do que a força que a empurra, o que impressiona é essa força natural com que o oceano reclama a terra como território seu.(...)
Os cascos e as quilhas navegam agora em seco num mar de destroços em terra.Chegam inteiros a esses destinos improváveis e distantes dos litorais, e inteiros contrastam com as casas atiradas ao chão. Mas, mesmo destruídas, as casas estão nos sítios delas. Outras poderão ser construídas. Mas um barco? O que pode fazer um barco em terra?
Ser uma testemunha. Ficar ali a ser prova para o futuro de como o mundo enlouqueceu. De como o mundo é a verdadeira nave dos loucos."
O primeiro balanço oficial de mortos rondava os 600. Dezassete dias passados, esse número ultrapassa os 20 000. Quantos ao certo talvez nunca venha a saber-se. Continuam os "media" a informar-nos de que a situação à volta da central nuclear de Fukushima é confusa e muito perigosa.Hoje,dia em que se verificou uma nova réplica,informam que a água está contaminada bem como as hortaliças dos campos ao sul da cidade e quando se descobriram vestígios de plutónio no pavilhão n.º 2 da central.
Miguel Gaspar publicou na "Pública",no dia 16/Março, uma crónica em que nos dá a sua impressão que as imagens transmitidas pela televisão lhe causaram. Transcrevo excertos:
"Nenhum exército conseguiria igualar estas vagas destruidoras.A fúria que libertam os tsunamis fá-los disciplinados e cumpridores. A água entra em terra e nunca mais para;é um avanço mudo,continuado, impossível de interromper. Vimos a onda gigante inundar a pista de um aeroporto, reduzir localidades a escombros, atirar casas contra casas. Mas mais do que a altura das ondas , mais do que a força que a empurra, o que impressiona é essa força natural com que o oceano reclama a terra como território seu.(...)
Os cascos e as quilhas navegam agora em seco num mar de destroços em terra.Chegam inteiros a esses destinos improváveis e distantes dos litorais, e inteiros contrastam com as casas atiradas ao chão. Mas, mesmo destruídas, as casas estão nos sítios delas. Outras poderão ser construídas. Mas um barco? O que pode fazer um barco em terra?
Ser uma testemunha. Ficar ali a ser prova para o futuro de como o mundo enlouqueceu. De como o mundo é a verdadeira nave dos loucos."
domingo, 27 de março de 2011
Discurso do dr. Marinho Pinto
Este discurso merece ser ouvido por todos.
Como pode acontecer o presidente da República, o ministro da Justiça e outros responsáveis da governação de um país ouvirem o que ouviram sem reagirem? Parece mas é que estamos a viver num país de faz de conta. Isto, afinal!, é muito, muito pior do que eu pensava.
Como pode acontecer o presidente da República, o ministro da Justiça e outros responsáveis da governação de um país ouvirem o que ouviram sem reagirem? Parece mas é que estamos a viver num país de faz de conta. Isto, afinal!, é muito, muito pior do que eu pensava.
sexta-feira, 25 de março de 2011
As aventuras de Sherlock Holmes
Foi no dia 25 de Março de 1902 que saíram em livro as narrativas publicadas em folhetins a partir de 1901 e que têm como protagonista o detetive-consultor Sherlock Holmes, que já surgira em 1887 no romance "Um estudo em vermelho"( A study in scarlet)e que se tornará famoso por utilizar nas suas investigações o método científico e a lógica dedutiva. O êxito obtido levou Conan Doyle, em 1892, a reunir em volume 12 histórias - "As aventuras de Sherlock Holmes".O poder da personagem foi tal que ofuscou a pessoa do médico/autor. Instado pelos editores a escrever mais histórias com esta personagem, exigiu um preço proibitivo mas não tão alto que fizesse mudar a opinião dos que apostavam no já célebre dedetive. Conan Doyle desmbaraça-se da sua personagem matando-a numa das histórias, o que causa grande indignação e o leva a escrever "O cão de Baskerville", cuja ação se situa antes da morte de S. Holmes. Acaba por trazê-la novamente à vida em "A casa vazia", a primeira de treze aventuras reunidas em "O regresso de Sherlock Holmes".
Além de médico e narrador de aventuras, Conan Doyle interessou-se por muitos assuntos. A partir de 1887, trava o seu primeiro contacto com o Espiritualismo e, em 1918, publica "A nova revelação", obra em que expressa a suas convicções na explicação espírita para as manifestações paranormais. Esta sua crença levou-o também em manter uma relação de amizade com o célebre mágico Houdini, que ele acreditava possuir poderes sobrenaturais, apesar deste tentar convencê-lo de que não passavam de meras ilusões. Acabou por publicar "A história do espiritualismo", estudo pormenorizado dos movimentos espiritualistas anglo-saxónico,francês, alemão e italiano.
Conan Doyle morreu de ataque cardíaco em 1930.
Além de médico e narrador de aventuras, Conan Doyle interessou-se por muitos assuntos. A partir de 1887, trava o seu primeiro contacto com o Espiritualismo e, em 1918, publica "A nova revelação", obra em que expressa a suas convicções na explicação espírita para as manifestações paranormais. Esta sua crença levou-o também em manter uma relação de amizade com o célebre mágico Houdini, que ele acreditava possuir poderes sobrenaturais, apesar deste tentar convencê-lo de que não passavam de meras ilusões. Acabou por publicar "A história do espiritualismo", estudo pormenorizado dos movimentos espiritualistas anglo-saxónico,francês, alemão e italiano.
Conan Doyle morreu de ataque cardíaco em 1930.
segunda-feira, 21 de março de 2011
A guerra na Líbia
Há três dias também que começaram os ataques das forças da NATO contra o exército de Khadafi.
Na Líbia há uma população indefesa mas também ali jorra abundantemente petróleo.
Lembro o que Thomas Mann(1875-1955) escreveu: A guerra é apenas uma fuga aos problemas da paz.
Na Líbia há uma população indefesa mas também ali jorra abundantemente petróleo.
Lembro o que Thomas Mann(1875-1955) escreveu: A guerra é apenas uma fuga aos problemas da paz.
21 de março de 2011
Na madrugada passada começou a primavera. Coincidência perfeita: início da primavera, Dia da Poesia, Dia da Árvore.
Mas, se hoje é assim, às vezes a primavera não traz harmonia. Foi o que aconteceu com a estreia da "Sagração da primavera", de Stravinsky, em 1913(coreografia-Nijinsky;cenografia-Nicholas Roerich;produtor-Diaghilev;local- Théâtre des Champs- Élysées). Parece que nem o próprio compositor gostou da coreografia, embora o não tivesse confirmado em público.
Mas que a nossa PRIMAVERA seja de flores e de amores, neste mundo em que as sociedades estremecem, assentes numa estrutura com pés de barro.
Mas, se hoje é assim, às vezes a primavera não traz harmonia. Foi o que aconteceu com a estreia da "Sagração da primavera", de Stravinsky, em 1913(coreografia-Nijinsky;cenografia-Nicholas Roerich;produtor-Diaghilev;local- Théâtre des Champs- Élysées). Parece que nem o próprio compositor gostou da coreografia, embora o não tivesse confirmado em público.
Mas que a nossa PRIMAVERA seja de flores e de amores, neste mundo em que as sociedades estremecem, assentes numa estrutura com pés de barro.
domingo, 20 de março de 2011
Rezsö Seress - Conhecem?
Estive a ver o programa do Vitorino de Almeida com o qual aprendi várias coisas. Uma delas é que existiu um compositor húngaro chamado Rezsö Seress que compôs o "Domingo Triste", que lhe terá valido livrar-se das câmaras de gás nazis; além do mais, que esta composição, que se tornara popular, mas arrastava com ela um malefício: que quem a ouvia acabava por se suicidar; que os suicídios foram tantos que acabou por ser proíbida. Ora, o próprio compositor acabou por se suicidar, lançando-se de uma janela.
Aprendi também que o Vitorino de Almeida escrevia desde muito jovem e que entre as sua obra escrita surgem títulos como "Histórias de lamento e regojizo","Lucas, o idiota" e, título que eu já conhecia, "Coca-cola killer"
Aprendi também que o Vitorino de Almeida escrevia desde muito jovem e que entre as sua obra escrita surgem títulos como "Histórias de lamento e regojizo","Lucas, o idiota" e, título que eu já conhecia, "Coca-cola killer"
quinta-feira, 17 de março de 2011
O Fantasma da Ópera
Alguém me falou há dias nesta ópera. Hoje encontrei este vídeo muito interessante que guardo no meu blogue.
quarta-feira, 16 de março de 2011
Poema satírico de Natália Correia, que morreu há 18 anos
“Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.”
Natália Correia
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.”
Natália Correia
Natália Correia
Cumprem-se hoje 18 anos da morte de Natália Correia,que se popularizou pelo programa Mátria, na nossa televisão. Foi deputada pelos partidos por que passou:PSD e PRD(entre 1980-1991).Conhecida pelo seu talento oratório arrebatador, foi uma intelectual e autora de obras de poesia, romances,peças teatrais, crónicas, ensaios, argumentos para o cinema e para o teatro,multiplicando a sua atividade como empresária ( Editora Acádia e o bar Botequim).
Deram brado os debates pela despenalização do aborto(1982-1984), tendo nesse momento escrito um poema satírico - "O ato sexual é para ter filhos" -, que dedicou ao deputado do CDS, José Morgado.
Esta açoriana de S. Miguel, autora do Hino dos Açores, deixou-nos também reflexões sobre a linguagem poética no seu trabalho "Poesia de Arte e Realismo".
Deram brado os debates pela despenalização do aborto(1982-1984), tendo nesse momento escrito um poema satírico - "O ato sexual é para ter filhos" -, que dedicou ao deputado do CDS, José Morgado.
Esta açoriana de S. Miguel, autora do Hino dos Açores, deixou-nos também reflexões sobre a linguagem poética no seu trabalho "Poesia de Arte e Realismo".
terça-feira, 15 de março de 2011
Aniversário da Maria do Loreto
Muitos parabéns e muitas felicidades.
Que de novo, no próximo ano, estejamos todos os seus amigos a felicitá-la, mas num Portugal melhor em que "POVO" tenha desaparecido e em seu lugar só haja "CIDADÃOS" iguais.
Não se esqueça de mostrar à Constança e ao Nuno o vídeo que se encontra a seguir.
Muitos beijos
Z.C.
Que de novo, no próximo ano, estejamos todos os seus amigos a felicitá-la, mas num Portugal melhor em que "POVO" tenha desaparecido e em seu lugar só haja "CIDADÃOS" iguais.
Não se esqueça de mostrar à Constança e ao Nuno o vídeo que se encontra a seguir.
Muitos beijos
Z.C.
Políticos!
Hoje, li o seguinte no "Público":
"O tempo de Sócrates chegou ao fim:ele é apenas o boneco do ventríloquo estrangeiro que nos ajuda, nos financia e nos governa."(transcrição do "Jornal de Negócios")
De facto, enquanto o país desespera e vai desistindo, o sr.enginheiro maratonista ainda aguenta. Por quanto tempo?
"O tempo de Sócrates chegou ao fim:ele é apenas o boneco do ventríloquo estrangeiro que nos ajuda, nos financia e nos governa."(transcrição do "Jornal de Negócios")
De facto, enquanto o país desespera e vai desistindo, o sr.enginheiro maratonista ainda aguenta. Por quanto tempo?
segunda-feira, 14 de março de 2011
O terramoto no Japão
As réplicas deste terromoto continuam a assustar os japoneses e ainda por cima estão também atemorizados pelos graves danos causados nos reatores nucleares das centrais. O terror da ameaça nuclear - agora em tempos de paz - fá-los temer o pior.
Pelas notícias que vão saindo, o número de mortos deve ultrapassar os 10000.
Em Tóquio, com cortes de energia, comboios parados, inexistência de combustível nas bombas, supermercados por abastecer e mais não sei que desgraças,este país aprumado e com um índice de desenvolvimento invejável, vê-se de repente ferido, à beira dum precipício de que ainda não sabe como vai sair.
Nós, que não somos nada relativamente aos japoneses no que respeita a tecnologias, devíamos aprender esta lição: viver totalmente dependente da tencnologia pode ser cómodo mas tudo pode de repente falhar e, então, cai-se no caos. Por esse motivo, devemos estudar alternativas para, sendo necessário, evitar o pior.
Pelas notícias que vão saindo, o número de mortos deve ultrapassar os 10000.
Em Tóquio, com cortes de energia, comboios parados, inexistência de combustível nas bombas, supermercados por abastecer e mais não sei que desgraças,este país aprumado e com um índice de desenvolvimento invejável, vê-se de repente ferido, à beira dum precipício de que ainda não sabe como vai sair.
Nós, que não somos nada relativamente aos japoneses no que respeita a tecnologias, devíamos aprender esta lição: viver totalmente dependente da tencnologia pode ser cómodo mas tudo pode de repente falhar e, então, cai-se no caos. Por esse motivo, devemos estudar alternativas para, sendo necessário, evitar o pior.
O discurso de S:ª Ex.ª
O texto que pode ler na mensagem anterior não é da minha autoria. Veio parar à minha caixa de correio e como o achei cheio de verdades resolvi dá-lo a conhecer a mais gente.Mensagem:
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FW: SaudeSA - o discurso do Presidente, um dos "actores" ao serviço da Globalização, ou seja, de um sistema global de pobreza generalizada!
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Para os que têm a memória curta ou mesmo para aqueles que são "ceguinhos" e só vêm as coisas de um lado.
Afinal os culpados da situação actual são todos. Andamos em "festança" há 37 anos.
Meus amigos o nosso problema é ATITUDE perante a função, o lugar que cada um de nós ocupa na sociedade e no emprego.
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FW: SaudeSA - o discurso do Presidente, um dos "actores" ao serviço da Globalização, ou seja, de um sistema global de pobreza generalizada!
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Para os que têm a memória curta ou mesmo para aqueles que são "ceguinhos" e só vêm as coisas de um lado.
Afinal os culpados da situação actual são todos. Andamos em "festança" há 37 anos.
Meus amigos o nosso problema é ATITUDE perante a função, o lugar que cada um de nós ocupa na sociedade e no emprego.
O discurso do Presidente Cavaco Silva foi duma enorme coragem. Não há memória dum discurso de posse em que o novo Presidente tenha criticado tão duramente o Presidente anterior. Ao referir-se à década perdida, o PR inclui o último quinquénio e, por isso, não critica apenas o Governo mas acaba, também, por fazer uma autocrítica impiedosa.
Valha a verdade que não se ficou por aqui. A sua autocrítica estendeu-se até ao tempo em que foi Primeiro Ministro.
Quando afirma que “ O exercício de funções públicas deve ser prestigiado pelos melhores, o que exige que as nomeações para os cargos dirigentes da Administração sejam pautadas exclusivamente por critérios de mérito e não pela filiação partidária dos nomeados ou pelas suas simpatias políticas.”, deve estar arrependido de ter permitido, enquanto PM, que a Administração Pública se tivesse transformado numa grande coutada partidária. Recordemos que foi durante um seu Governo que a Saúde viu chegar os primeiros “gestores de reconhecido mérito”, com os resultados que se conhecem.
Quando declara que “ é crucial a realização de reformas estruturais destinadas a diminuir o peso da despesa pública” deve estar com certeza a lembrar-se de criação das carreiras especiais na Função Pública e do peso que tiveram na criação do “Monstro”.
Quando afirma “ É crucial aprofundar o potencial competitivo de sectores como a floresta, o mar, a cultura e o lazer, as indústrias criativas, o turismo e a agricultura, onde detemos vantagens naturais diferenciadoras.”, deve estar a reflectir no texto de Miguel Sousa Tavares no Expresso de 13 de Maio de 2010:
“Na década do agora inimigo das grandes obras públicas, Cavaco Silva, construímos sem parar: auto-estradas e hospitais, escolas e tudo mais. "O país está dotado de infra-estruturas!", proclamou-se, triunfantemente. E, de facto, o país precisava. O problema é que, enquanto se dotava de infra-estruturas para servir a economia, o país vendia a economia, a troco de subsídios para abate e set-aside: vendemos assim a agricultura, as pescas, as minas, a marinha mercante, os portos, as indústrias que podiam vir a ser competitivas - ficámos com os têxteis e o fado. E, quando alguém, subitamente, perguntou "de que vamos viver no futuro?", sorriram, com ar complacente. Então, não era óbvia a resposta? Iríamos viver dos serviços, do turismo, da "sociedade de informação" e... de Bruxelas."
Diz o PR: “Não podemos assistir de braços cruzados à saída de empresas do nosso País. Pelo contrário, temos que pensar seriamente no que é que podemos fazer para atrair mais empresas.” Uma das coisas que não podemos deixar de fazer, diz o bilionário do Pingo Doce, é melhorar o sistema de Justiça. O PR deve estar a lembrar-se que, nessa área, a gesto mais significativo do seu mandato anterior foi receber o Presidente do Sindicato do Ministério Público.
Manifesta o PR a esperança “que todos os agentes políticos e poderes do Estado e os agentes económicos e financeiros estejam à altura das dificuldades do momento e dêem sentido de futuro aos sacrifícios exigidos aos Portugueses.”
O bilionário da Forbes, tal como a PT, tal como a Portucel, já deram o exemplo com a antecipação de dividendos. Mas, sobre isso, o anterior PR não se pronunciou.
Afirma ainda o PR “Em vários sectores da vida nacional, com destaque para o mundo das empresas, emergiram nos últimos anos sinais de uma cultura altamente nociva, assente na criação de laços pouco transparentes de dependência com os poderes públicos, fruto, em parte, das formas de influência e de domínio que o crescimento desmesurado do peso do Estado propicia. É uma cultura que tem de acabar. Deve ser clara a separação entre a esfera pública das decisões colectivas e a esfera privada dos interesses particulares”
É impossível que não se tenha lembrado do BPN.
Valha a verdade que não se ficou por aqui. A sua autocrítica estendeu-se até ao tempo em que foi Primeiro Ministro.
Quando afirma que “ O exercício de funções públicas deve ser prestigiado pelos melhores, o que exige que as nomeações para os cargos dirigentes da Administração sejam pautadas exclusivamente por critérios de mérito e não pela filiação partidária dos nomeados ou pelas suas simpatias políticas.”, deve estar arrependido de ter permitido, enquanto PM, que a Administração Pública se tivesse transformado numa grande coutada partidária. Recordemos que foi durante um seu Governo que a Saúde viu chegar os primeiros “gestores de reconhecido mérito”, com os resultados que se conhecem.
Quando declara que “ é crucial a realização de reformas estruturais destinadas a diminuir o peso da despesa pública” deve estar com certeza a lembrar-se de criação das carreiras especiais na Função Pública e do peso que tiveram na criação do “Monstro”.
Quando afirma “ É crucial aprofundar o potencial competitivo de sectores como a floresta, o mar, a cultura e o lazer, as indústrias criativas, o turismo e a agricultura, onde detemos vantagens naturais diferenciadoras.”, deve estar a reflectir no texto de Miguel Sousa Tavares no Expresso de 13 de Maio de 2010:
“Na década do agora inimigo das grandes obras públicas, Cavaco Silva, construímos sem parar: auto-estradas e hospitais, escolas e tudo mais. "O país está dotado de infra-estruturas!", proclamou-se, triunfantemente. E, de facto, o país precisava. O problema é que, enquanto se dotava de infra-estruturas para servir a economia, o país vendia a economia, a troco de subsídios para abate e set-aside: vendemos assim a agricultura, as pescas, as minas, a marinha mercante, os portos, as indústrias que podiam vir a ser competitivas - ficámos com os têxteis e o fado. E, quando alguém, subitamente, perguntou "de que vamos viver no futuro?", sorriram, com ar complacente. Então, não era óbvia a resposta? Iríamos viver dos serviços, do turismo, da "sociedade de informação" e... de Bruxelas."
Diz o PR: “Não podemos assistir de braços cruzados à saída de empresas do nosso País. Pelo contrário, temos que pensar seriamente no que é que podemos fazer para atrair mais empresas.” Uma das coisas que não podemos deixar de fazer, diz o bilionário do Pingo Doce, é melhorar o sistema de Justiça. O PR deve estar a lembrar-se que, nessa área, a gesto mais significativo do seu mandato anterior foi receber o Presidente do Sindicato do Ministério Público.
Manifesta o PR a esperança “que todos os agentes políticos e poderes do Estado e os agentes económicos e financeiros estejam à altura das dificuldades do momento e dêem sentido de futuro aos sacrifícios exigidos aos Portugueses.”
O bilionário da Forbes, tal como a PT, tal como a Portucel, já deram o exemplo com a antecipação de dividendos. Mas, sobre isso, o anterior PR não se pronunciou.
Afirma ainda o PR “Em vários sectores da vida nacional, com destaque para o mundo das empresas, emergiram nos últimos anos sinais de uma cultura altamente nociva, assente na criação de laços pouco transparentes de dependência com os poderes públicos, fruto, em parte, das formas de influência e de domínio que o crescimento desmesurado do peso do Estado propicia. É uma cultura que tem de acabar. Deve ser clara a separação entre a esfera pública das decisões colectivas e a esfera privada dos interesses particulares”
É impossível que não se tenha lembrado do BPN.
domingo, 13 de março de 2011
Portugal - país à rasca
Ontem, sábado, foi o dia da nossa primeira grande manifestaçao de protesto contra o governo socialista convocada informaticamente. Juntaram-se centenas de milhares de manifestantes no Porto, em Lisboa e noutras cidades. Foi uma manifestação não apenas de jovens: havia avós, pais e netos, isto é, três gerações a clamar contra a precaridade em que se vive no nosso país. Temos um governo socialista, mas fosse ele de que cor fosse, o resultado seria precisamente o mesmo, porque toda a política atual assenta em bases que já não têm a consistência que exige uma sociedade que tem sofrido nas últimas décadas sacudidelas tão violentas como, ou mais, as que suportou a sociedade pós-revolução-industrial. Ora, a política, na sua essencia não mudou, logo não é eficaz. Não me perguntem qual é a solução mas deve haver quem, pelo menos teoricamente, saiba encontrar saídas. Mas não é com homens como os que temos ao leme desta jangada em que navegamos que encontramos o rumo correto. Tudo mudou e tudo sofreu não uma mas várias revoluções: revolução das comunicações, revolução tecnológica e revolução digital, todas interligadas mas particularmente individualizadas. Como se sai de três revoluções profundas e se mantém o mesmo tipo de governação? Tenho para mim que esta forma de governação é simplesmente aberrante e que nos vai obrigar a passar das boas(?) durante uns bons(?) largos anos até ao estouro final.
sábado, 12 de março de 2011
Séraphine de Senlis
Acabo de ver na RTP 2 o filme francês "Séraphine". Como gostei e não quero perder-lhe o tino, registo-o aqui, como numa agenda.
sexta-feira, 11 de março de 2011
Terramoto no nordeste do Japão
A primeira notícia que hoje ouvi foi a do tremendo terramoto no nordeste do Japão e as imagens transmitidas via tv mostravam bem a força das entranhas da Terra. Até os próprios japoneses se mostravam assustados perante tamanha violência. Como no terramoto de Lisboa de 1755, também o mar galgou a terra com força destruidora. O número de vítimas ainda não é conhecido mas deve envolver algumas centenas. O grau deste terramoto foi de cerca de 9, na escala de Richter.
Celebrou-se em Madrid uma manifestação de dor e de homenagem às 192 vítimas no atentado de há 7 anos na movimentada estação de Atocha. Assim vai o mundo.
Celebrou-se em Madrid uma manifestação de dor e de homenagem às 192 vítimas no atentado de há 7 anos na movimentada estação de Atocha. Assim vai o mundo.
quarta-feira, 9 de março de 2011
Desapareceram 1 500 000€
Vejam só: no convento cisterciense de St.ª Lucía de Zaragoza esvaíram-se 1 500 000€. A madre superiora avisou a polícia. Interrogada acerca da existência de tão avultada quantia, respondeu que se tratava das economias de longos anos.
Convém dizer que naquele convento de clausura vive a conhecida freira-pintora Isabel Guerra que, pelo tratamento especial que faz da luz nos quadros que tem pintado - e vendido - alguns críticos a têm comparado ao pintor holandês Verneer.
Hão de ver que apanharam as irmãzinhas nas malhas do fisco!
Convém dizer que naquele convento de clausura vive a conhecida freira-pintora Isabel Guerra que, pelo tratamento especial que faz da luz nos quadros que tem pintado - e vendido - alguns críticos a têm comparado ao pintor holandês Verneer.
Hão de ver que apanharam as irmãzinhas nas malhas do fisco!
Earth Song - Michael Jackson
O vídeo seguinte foi êxito no Reino Unido mas foi censurado nos EU. Compreende-se porquê.
Tem que se lhe diga!
Quando o Gilo me falou pela primeira vez do Maracatu Rei de Paus não lhe atribuí muita importância, pensando que seria mais um cortejo de Carnaval como tantos outros. De maneira geral, os portugueses, e não só,associam todos os festejos carnavalescos aos do Rio. Ora, não é bem assim. Há que destrinçar o que é genuíno e o que se destina a atrair os turistas e se revela como verdadeira indústria. Entre os genuínos destaca-se o Carnaval de cidade de Fortaleza, capital do Ceará, a "Terra da Luz", epíteto que lhe vem por ser considerada a zona do Brasil com maior número de dias ensolarados e também por ter sido o primeiro estado a abolir a escravatura (1884), quatro anos antes da promulgação da Lei Áurea.Portanto,só isto já lhe valia a homenagem dos que nos consideramos cidadãos livres.
Esta região do nordeste brasileiro constitui um caldo de culturas variadas pela presença de etnias diversas. Ali ferve o sangue de mestiços, mulatos, caboclos, índios,negros bantu e do Benim, portugueses, espanhóis, holandeses e até de alguns sírio-libaneses.Pelo que acabo de ler contam-se até quinze etnias indígenas na região cearense.
Tal variedade de culturas corporizadas na sua grande parte por gente de sangue muito quente tinha de confluir numa sociedade heterogénia e rica em comportamentos.
O Maracatu é, a meu ver, fruto desta fusão. Nasceu no Sec. XVIII e daí a presença dos elementos caraterísticos da época: família real com os trajes da época, personagens de corte, escravos africanos,etc.
Esta região do nordeste brasileiro constitui um caldo de culturas variadas pela presença de etnias diversas. Ali ferve o sangue de mestiços, mulatos, caboclos, índios,negros bantu e do Benim, portugueses, espanhóis, holandeses e até de alguns sírio-libaneses.Pelo que acabo de ler contam-se até quinze etnias indígenas na região cearense.
Tal variedade de culturas corporizadas na sua grande parte por gente de sangue muito quente tinha de confluir numa sociedade heterogénia e rica em comportamentos.
O Maracatu é, a meu ver, fruto desta fusão. Nasceu no Sec. XVIII e daí a presença dos elementos caraterísticos da época: família real com os trajes da época, personagens de corte, escravos africanos,etc.
(continuação do anterior)
O Maracatu é,pois, uma manifestação cultural de música folclórica afro-africana, formada por um conjunto de instrumentistas de percussão diversa que acompanha um cortejo em que surgem as personagens de que se destacam o rei e a rainha. Neste cortejo misturam-se elementos das culturas indígenas, africana e europeia. Esta dança distingue-se doutras danças dramáticas pela sua coreografia, caraterizada por uma forte marca mística que nos leva claramente para as danças do Candomblé.
Personagens presentes, além do par real acima referido, são o porta-estandarte,as princesas( O Gilo foi princesa no cortejo deste ano e no do ano passado. Pelo andar da carruagem, anda a fazer-se para ser rainha num dos próximos.), as damas do paço,embaixadores e as yabás( baianas), que representam as escravas negras, todas elas vestidas de impecável branco. Não devo esquecer-me de mencionar os tocadores percursionistas, que atordoam amavelmente o percurso no seu ritmo marcadamente africano. Impossível não trazer aqui a euforia dos participantes, a cor e o brilho dos trajes que, como no Rio, são confecionados ao longo do ano para poderem ser exibidos neste dia.
Personagens presentes, além do par real acima referido, são o porta-estandarte,as princesas( O Gilo foi princesa no cortejo deste ano e no do ano passado. Pelo andar da carruagem, anda a fazer-se para ser rainha num dos próximos.), as damas do paço,embaixadores e as yabás( baianas), que representam as escravas negras, todas elas vestidas de impecável branco. Não devo esquecer-me de mencionar os tocadores percursionistas, que atordoam amavelmente o percurso no seu ritmo marcadamente africano. Impossível não trazer aqui a euforia dos participantes, a cor e o brilho dos trajes que, como no Rio, são confecionados ao longo do ano para poderem ser exibidos neste dia.
terça-feira, 8 de março de 2011
Dia Internacional da Mulher
Coincidência imprevista: este ano o Dia Internacional da Mulher coincidiu com o dia de Carnaval. Esta coincidência não é de modo algum pura ironia por a Mulher actual reinvindicar para si um estatuto idêntico ao do Homem. Parce-me que já quase o atingiu, exceto no que diz respeito ao direito a um posto de trabalho e a salário igual. Falo, obviamente, da presença da Mulher na nossa sociedade. Noutras culturas ainda têm muito que sofrer e trabalhar para atingirem o respeito que merecem.
Destes tempos, embora já falecida, sobressai uma figura ímpar da política, das letras e da nossa vida social: Natália Correia.
Transcrevo um poema a que a poetisa titulou "Auto-retrato", que podia ser o da Mulher.
Auto-retrato
Espáduas brancas palpitantes:
asas no exílio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.
Natália Correia
Destes tempos, embora já falecida, sobressai uma figura ímpar da política, das letras e da nossa vida social: Natália Correia.
Transcrevo um poema a que a poetisa titulou "Auto-retrato", que podia ser o da Mulher.
Auto-retrato
Espáduas brancas palpitantes:
asas no exílio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.
Natália Correia
Carnaval de 2011
Enquanto por esse mundo fora se luta pela sobrevivência e pela liberdade, há lugares em que se festeja o Carnaval. Nós, por cá, procuramos disfarçar a crise com uns cortejos foleiros a imitar os brasileiros mas que até a meteorologia teima em humilhar (Sempre o mesmo: humilhados e ofendidos). Esquecendo por momentos as desgraças do mundo e o luxo do Carnaval de Veneza, remeto-me àquilo a que nós, portugueses, apreciamos muito: o discurso desbocado, escatológico que não faz só parte do nosso humor mas do homem em geral.
Pois, por ser Carnaval, vejam o vídeo que está postado a seguir.
E bom Carnaval para todos.
Zé C.
Pois, por ser Carnaval, vejam o vídeo que está postado a seguir.
E bom Carnaval para todos.
Zé C.
segunda-feira, 7 de março de 2011
de Óscar Wilde (1854/1900)
É preciso talento para dizer muito com poucas palavras:
"Alguns causam alegria aonde quer que vão, outros quando se vão."
"Alguns causam alegria aonde quer que vão, outros quando se vão."
Gérard Philippe - "Le Petit Prince"
Há tempos lembrei-me que tinha ouvido um vinyl - há que anos! - em que Gérard Philippe dizia excertos de "Le Petit Prince" de Saint-Éxupéry e do qual tinha gostado muito. Voltei a ouvi-lo hoje e deixo-o aqui para que a Paula, a quem tinha falado nele, o possa também ouvir.
STANLEY KUBRICK
Faz hoje 12 anos que morreu Stanley Kubrick, na sua casa de Hertfordshire, em Inglaterra. Foi ele o realizador de "Laranja Mecânica", considerado um dos melhores filmes do século passado. Também foi realizador de "2001:Odisseia no Espaço"(1968), filme que lhe valeu um Òscar para os Melhores Efeitos Especiais. Este filme até é considerado por muitos críticos o melhor filme de ficção científica da história do cinema.Foi nomeado quatro vezes para o Óscar do melhor realizador. Kubrick foi também realizador de "Lolita"(1962),"Spartacus"(1960) e "Nascido para matar"(1987) e "De olhos fechados"(1999) em que contracenam Nicole Kdman e Tom Cruise, filme que não agradou à crítica nem ao público e a cuja estreia já não pôde assistir. Entre outros galardões que lhe foram atribuídos conta-se o Leão de Ouro do Festival de Veneza de 1997.
Lembrá-lo aqui é prestar homenagem ao trabalho que nos legou.
Lembrá-lo aqui é prestar homenagem ao trabalho que nos legou.
Verifiquei tudo e não topei com falhas. De qualquer forma, peço desculpa e quero redimir-me. Ao enviar-lhe esta "Manhã de Carnaval", do filme "Orfeu Negro",já tão velhinho mas que continua a extasiar-nos - ganhou um Óscar e outros prémios - ,não fosse ele uma transposição dum mito grego moldada ao jeito de Vinicius de Moraes, desejo que se sinta compensada. E ainda espero que as rosas apareçam...
Amanhã é 3.ª Feira Gorda, o que significa que vão começar as semanas magras da Quaresma ( e nós,que já estamos em tempos de vacas magras !...). Por isso, cuidado com a boca, que agora já nem há bulas( esta das BULAS era boa, não?!!!).
Beijo e bom Carnaval
Zé C.
Amanhã é 3.ª Feira Gorda, o que significa que vão começar as semanas magras da Quaresma ( e nós,que já estamos em tempos de vacas magras !...). Por isso, cuidado com a boca, que agora já nem há bulas( esta das BULAS era boa, não?!!!).
Beijo e bom Carnaval
Zé C.
sábado, 5 de março de 2011
House of the rising sun
Dentre as variadíssimas versões desta celebérrima canção - Pink Floyd, The Beatles,The Animals,Dolly Parton,Bon Jovi, escolhi estes dois vídeos em que a ouvimos na vozes da negra Odetta e de Joan Baez. Duas versões belíssimas e por isso mesmo as importei para o meu blogue.
Recordar a Argentina
Para a minha grande amiga M. do Loreto, que guarda uma tão boa recordação de Buenos Aires, deixo-lhe aqui esta bela canção que já percorreu o mundo nas vozes dos mais diversos artistas, muitas vezes acompanhados de magníficas orquestras. É natural que nunca a tenha ouvido cantada por Sinead O'Connor, e tenho a certeza de que vai gostar muito.
A artista tem a cabeça rapada não por ser Carnaval mas porque gosta, tal como eu.
A artista tem a cabeça rapada não por ser Carnaval mas porque gosta, tal como eu.
Musical "Notre Dame de Paris"
Há já um bom par de anos que ouvi este musical pela primeira vez e encantou-me.Fica a seguir uma amostra - Belle, em que participam três cantores - que os que já conhecem gostarão de voltar a ouvir e aqueles que nunca ouviram ficarão con vontade de escutar outras áreas.E não irão arrepender-se.
Narração,Álvaro Ramos
Para que a minha amiga Zé V.P. reveja o abecedário e encontre neste vídeo uma novidade para quando tiver de ensiná-lo aos seus alunos.
Um beijo do Zé C.
Um beijo do Zé C.
A Primavera - para a Maria Constança
Para ti, Constança, a Primavera, para ti, que vais desabrochando também a cada ano que passa.
Espero que gostes e aprecies as flores da magnólia que está no jardim da tua avó Loreto.
Zé C.
Espero que gostes e aprecies as flores da magnólia que está no jardim da tua avó Loreto.
Zé C.
sexta-feira, 4 de março de 2011
Serenata para a Paula
Os blogues também podem servir para expressar gratidão.
Pela amizade e pela consideração com que me brinda, dedico à minha amiga Paula Romão este vídeo- Serenata, de Franz Schubert - que é um louvor à Natureza, renovada em cada primavera ( ver mensagem seguinte).
Pela amizade e pela consideração com que me brinda, dedico à minha amiga Paula Romão este vídeo- Serenata, de Franz Schubert - que é um louvor à Natureza, renovada em cada primavera ( ver mensagem seguinte).
Para a Lina
Rosas para a Lina, que festejou mais um aniversário, a que hão de seguir muitos mais, para quem desejo muitas felicidades.
As "ROSAS" seguem via net.
Zé
As "ROSAS" seguem via net.
Zé
As canções de Clara Montes
Clara Montes é uma das novas vozes da "copla" espanhola. Cheia de força e emoção,com letras de poetas bem conhecidos, atrai um público entusiasta que enche os locais em que apresenta os seus espetáculos.Tendo cortado relações com a sua discográfica, ela própria se tornou produtora. Cantou em Gijón acompanhada de uma orquestra sinfónica do que resultou a "Sinfónica Clara".
Como exemplo da música desta artista, apresento a seguir um vídeo em que canta Soneto de la Luna, com letra do poeta contemporâneo António Gala.
Espero que os meus amigos gostem.
Como exemplo da música desta artista, apresento a seguir um vídeo em que canta Soneto de la Luna, com letra do poeta contemporâneo António Gala.
Espero que os meus amigos gostem.
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Touradas
Estamos mesmo a viver tempos de touradas. Em Vinhais construiram uma praça de touros para quê? A tourada é permanente aqui, ali, além e mais além e não são necessárias praças de touros. Por isso,penso eu, as contas da câmara devem estar a abarrotar de euros para a edilidade ter decidido construir uma praça de touros - a segunda a norte do Douro, diz-se. Numa época de vacas magras ( mesmo que fosse de vacas gordas ),como se permite uma câmara tomar esta abstrusa decisão, quando até no reino dos touros, aqui ao lado da nossa república, já se começa a contestar a festa brava. Dizem que são coisas da tradição,que o povo gosta, que se podem perder muitos postos de trabalho... Bom,tradition is tradition, mas há tradições e tradições. Os defensores da festa brava deitam mão de mirambolantes conhecimentos de psicologia animal, que o desgraçado do animal nada sofre, antes pelo contrário - certamente até goza, serão os touros masoquistas? - que são criados para aquele fim, e outros desaforos que qualquer pessoa bem formada tem forçosamente de rejeitar. Mas vamos lá ver essas coisas ditas da tradição:a excisão do clitoris é tradição;a lapidação das adúlteras é tradição;os castigos corporais levados a efeito pelos pais sobre os filhos é tradição;cuspir no chão é tradição, como fumar em locais públicos;os combates de galos e de cães também são tradição e até os combates de morte de gladiadores eram, em tempos pretéritos, tradição admirada - vamos restaurá-la? O nosso tempo, felizmente,trouxe-nos discernimento suficiente para distinguir o que deve conservar-se e o que deve banir-se dos nossos hábitos. Ora, a tourada, que alguns até equiparam a um ballet de bailarinos com eles bem no sítio,situa-se entre estas atividades que não devem eternizar-se porque se trata apenas de um espetáculo de luxo: trajes de grande riqueza, cavalos lustrosos e bem adestrados que até sabem também dançar, homens esbeltos, galhardos e corajosos. E depois, um público bacoco, egoísta, e, de vez em quando, umas gaitadas a mando de um "inteligente". Mas neste especáculo há um condenado que vai morrendo devagar para gáudio dos mirones ao qual, para cúmulo, depois de morto, até lhe cortam o rabo e as orelhas, que o artista matador, cheio de júbilo, qual general vitorioso, ergue no ar, recebendo em troca choruda ovação. Apenas isto.
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Esther & Abi Ofarim - Hallelujah
Conheço estes dois artistas há muitos anos. Tive um disco de vinyl, trazido da Alemanha, que naqueles tempos longínquos me encantou. Esta canção "Hallelujah" , ouvia-a muitas vezes e agora até desfrutei de ouvi-la novamente, com outros ouvidos, ouvidos dos dias de hoje e com uma rodagem...
vídeos no blogue
Gostava muito de aprender a colocar um qualquer vídeo que me agradasse no meu blogue.
Já tentei mas não consegui.
Alguém me quer deitar uma mão?
Já tentei mas não consegui.
Alguém me quer deitar uma mão?
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Que descoco, esta do Bibi!
Como é possível que alguém no seu perfeito juízo venha agora dizer que a confissão que fez há tanto tempo, e depois de ter passado por tudo o que passou, resultou da beberagem que a PJ lhe terá impingido. Quem está por detrás de tal comédia? Somente podem ser pessoas interessadas, mas desmioladas, impelidas por advogados que conhecem bem os meandros e as fraquezas da nossa justiça. Pergunto-me se o coletivo de juízes dará alguma importância a tais declarações. Mais uma vez fica provado que a justiça só funciona para os ricos.
Mesmo assim, façamos votos para que não, não e não.
Mesmo assim, façamos votos para que não, não e não.
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